Recentemente, foi abordada pela imprensa a verdadeira febre
de uso de GH e DHEA, na população que pratica o fitness nas academias ou por
conta própria, com finalidades estéticas e até, pasmem, para a heterodoxa
terapia do antienvelhecimento (ou Anti- Aging) sob formulação de pomadas de
hormônios etc. A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) tem o dever de
alertar os pacientes sobre o uso e riscos desses hormônios no fitness, que
serão explicados pelo especialista em Cardiologia pela SBC e em Medicina do Esporte pela Sociedade Brasileira de
Medicina do Exercício e do Esporte e presidente da SBMEE, José Kawazoe Lazzoli.
“Quando recomendamos a prática regular de exercícios físicos, temos como
objetivo principal aprimoramento da saúde, na prevenção primária e secundária.
Entretanto, um determinado perfil de pessoas pretende obter resultados –
funcionais e estéticos – na maior amplitude e no menor prazo possível,
dispostas a ‘pagar qualquer preço’ no esporte ou simplesmente ‘para ficar mais
forte ou mais jovem’”. Duas substâncias das mais utilizadas (sem indicação
médica formal) atualmente para esse fim são o GH e o DHEA.
O hormônio do crescimento (GH) é produzido pela
adenohipófise e principalmente no fígado, estimula a produção de IGF-1 (insulin-like
factor-1), a responsável pelos efeitos “supostos” de aumento da massa muscular,
de redução do percentual de gordura, de rejuvenescimento da pele, da melhora da
memória, da energia e função sexual. O efeito buscado de aumento da massa
muscular se deve muito mais à retenção de líquidos, sem comprovação de aumento da força voluntária
máxima. Os efeitos colaterais bem conhecidos são: aumento da resistência à
insulina até diabete II, hipertensão arterial, cardiomiopatias (dilatada e
hipertrófica), doença coronariana precoce, acromegalia, síndrome do túnel do
carpo, alterações do funcionamento da tireoide, aumento das mamas e surgimento
de tumores. A deidroepiandrosterona (DHEA) também é uma substância endógena,
produzida nas suprarrenais, é precursora da androstenediona e da testosterona.
Seus pretensos efeitos benéficos são “melhorar a imunidade”, reduzir o risco de
doenças cardiovasculares e do diabete, prevenir osteoporose e retardar o
envelhecimento, “revigorar” a vida sexual e a acuidade mental; entretanto, até
hoje não há evidências científicas desses efeitos. Por outro lado, entre os
efeitos colaterais temos o crescimento de pelos no rosto, agravamento da voz e
amenorreia nas mulheres; redução do HDL, hiperplasia e adenocarcinoma da próstata. Essas duas substâncias continuam na nova lista
de substâncias proibidas da WADA (Agência Mundial Antidoping), que passou há vigorar a partir de 01/01/2011, pelos seus potenciais efeitos deletérios. Se o objetivo é
ter melhor saúde cardiovascular e maior longevidade, a receita é simples:
manter uma alimentação saudável e a prática regular de exercícios, sem GH ou
DHEA.
Nabil Ghorayeb
www.cardioesporte.com.br