As competições nas modalidades
desportivas de lutas são divididas em categorias de acordo com o sexo, idade,
massa corporal e graduação.
Geralmente, atletas adultos optam
pela mudança de categoria quando se encontram basicamente em duas situações: a)
atletas com massa corporal quase no limite inferior da categoria; b) Atletas
com massa corporal quase no limite superior da categoria.
Diante dessas situações, os atletas
possuem as seguintes opções para efetuarem a mudança de categoria, de maneira: incremento da força
relativa e absoluta através do aumento da massa muscular, associada com a
diminuição ou manutenção do percentual de gordura e ou redução da massa corporal (perda de peso).
Considerações sobre a
prática de redução da massa corporal antes das competições
A prática de
redução da massa corporal é uma estratégia competitiva um tanto comum entre os
atletas das modalidades desportivas de luta. Muitas vezes ela é adotada por
atletas que já se encontram com um ótimo percentual de gordura para a
modalidade, mas que mesmo assim insistem em baixar de categoria.
Tal prática é adotada na ilusão de
que estando na categoria inferior, possam enfrentar adversários com menos massa
corporal, e relativamente com uma força absoluta inferior quando comparados aos
da categoria superior. Dessa forma, os lutadores esperam compensar uma possível
inferioridade e/ou igualdade técnico-tática diante de seus adversários, pela
imposição de um superior nível das capacidades motoras de força e de massa
corporal.
Entretanto, os atletas parecem apenas
avaliar e pensar somente nos aspectos positivos que essa estratégia possa
trazer, sendo que na realidade podemos constatar muito mais desvantagens e
contra indicações, do que vantagens associadas a essa estratégia competitiva.
As lutas desportivas são modalidades
extremamente complexas. A performance geral envolve capacidades e habilidades
físicas como a velocidade, força explosiva, resistência de força, reatividade
neuro-muscular, coordenações grossa e fina, força máxima e equilíbrio.
Os componentes técnico e tático
representam os principais fatores determinantes da performance, e assim sendo,
podemos concluir que o resultado final competitivo nunca pode ser atribuído a
uma variável apenas, mas sim ao conjunto de todas agindo em harmonia.
ZATSIORSKY (1999), afirma que a
redução de massa pode ser uma estratégia aceitável quando empregada de forma
adequada (a perda não deve ser maior do que 1Kg por semana em atletas
"médios" e de 2,5Kg por semana em atletas de elite). No entanto, os
relatos e experiências no trazem casos onde na maioria das vezes, a estratégia
é aplicada praticamente às vésperas da competição (uma ou duas semanas antes da
competição, até a véspera da mesma), podendo ser extremamente prejudicial tanto
para a performance como que para a saúde do atleta também.
FRANCHINI (2001), afirma que o
grande problema é que a redução da massa corporal é feita pela combinação de
restrição alimentar e perda de líquidos corporais por meio da realização de
exercícios em um ambiente quente ou vestindo roupas de borracha / plástico.
Outros dois recursos também muito utilizados são os diuréticos e os laxantes,
que podem ocasionar problemas renais e irritação da mucosa intestinal,
respectivamente (NEVES, 1996 APUD FRANCHINI, 2001).
A redução rápida de peso em menos de
uma semana é a mais prejudicial ao organismo, pois ocorre principalmente pela
desidratação, enquanto dietas mais prolongadas obtêm o resultado por meio de
diminuição da ingestão calórica, fazendo que o atleta consuma menos energia do
que gasta, mas mantenha-se hidratado (FOGELHOLM ET AL., 1993; FOGELHOLM, 1994
APUD FRANCHINI, 2001).
Quando a redução é realizada de
forma brusca, geralmente ocorre:
a) Redução de força muscular.
b) Declínio no
tempo de desempenho.
c) Menor volume plasmático e sanguíneo.
d) Redução na
eficiência do miocárdio.
e) Diminuição do consumo máximo de oxigênio
(especialmente com restrição calórica).
f) Enfraquecimento do processo
termorregulador.
g) Diminuição do fluido de sangue renal e no volume de
líquidos sendo filtrados pelo rim.
h) Depleção dos estoques de glicogênio no
fígado.
i) Aumento no total de eletrólitos sendo perdidos pelo corpo.
Conclusões
A redução de massa corporal deve ser
utilizada apenas em casos onde são encontrados altos índices de gordura
corporal
Mesmo assim ela deve ser estudada e
planejada cuidadosamente pelos técnicos e preparadores físicos, de maneira a
preservar a integridade física do atleta, garantindo sua saúde e melhora da
performance competitiva.
A redução extrema da massa corporal
em períodos curtos de tempo é insegura e pode ser muito prejudicial à
performance dos lutadores na competição.
O ideal seria que os atletas
competissem na categoria em que se encontram, preocupando-se mais em elevar
seus níveis técnico-táticos, ao invés de somente se preocuparem com as
capacidades físicas.
A melhor alternativa para a perda de
massa corporal seria o incremento da força relativa através do ganho de massa
muscular.
Métodos como o uso de vestimentas de
borracha e/ou plástico, uso de diuréticos e restrição de líquidos devem ser
extremamente desencorajados pelos técnicos e preparadores responsáveis.
Referências bibliográficas
FRANCHINI, E. Judô: Desempenho competitivo. São Paulo:
Barueri, Manole, 2001.
KININGHAM R. B.;GORENFLOD.W. Weight loss methods of high
school wrestlers. Med. Sci. Sports Exerc., Vol 33, Nº 5, 2001 pp810-813.
McARDLE, W; KATCH. F; KATCH, V.: Fisiologia do Exercício:
Energia, Nutrição e Desempenho Humano, 5º ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan
S.ª, 2003.
TAKASHI U; SHIGEYUKI N; TADASHI S; YOSKE Y; MANABU T; KAZUO
S. Adverse effects of energy restriction on myogenic enzymes in judoists. Journal
of Sports Sciences, 2004, 22, 329-338.
VERKHOSHANSKI, Y.V. Treinamento desportivo - Teoria e
metodologia. Adaptado por Antonio Carlos Gomes, e Paulo Roberto de Oliveira.
Porto Alegre ARTMED, 2000.
ZATSIORSKY, V. M. Ciência e prática do treinamento de força.
São Paulo, SP: Phorte Editora, 1999. 315p.
Adaptado por UP! Personal Trainer
Fonte orignal: http://www.efdeportes.com/efd75/luta.htm